A informação é poder, e com ela vem uma grande responsabilidade. Dispor de informações atualizadas permite que as empresas ofereçam um valor superior a todos a seus consumidores.
O Scraping é uma técnica OSINT (Open Source Intelligence) que automatiza a extração e análise de grandes volumes de dados. Esse processo permite que as empresas coletem dados de sites ou redes sociais, por meio de ferramentas, extensões e bibliotecas para realizar pesquisas de mercado, identificar tendências e analisar o posicionamento da marca e da concorrência.
No entanto, os cibercriminosos também utilizam essas técnicas para obter dados sensíveis e comprometer a segurança das organizações, o que exige medidas para reduzir os riscos.
Legalidade e ética do scraping
Em teoria, a utilização de ferramentas, extensões ou bibliotecas de scraping não é ilegal. No entanto, depende do objetivo e da utilização da informação. Por exemplo, se uma empresa publica os preços dos seus produtos no seu mercado, é legal obter esses dados utilizando ferramentas e extensões de browser. Mas, quando o scraping é utilizado para recolher dados pessoais e de propriedade intelectual, pode tornar-se uma prática maliciosa e violar as leis da privacidade.
Se a empresa publicar acidentalmente estas informações pessoais sensíveis, embora seja legal obter esses dados, ao abrigo da proteção das leis de proteção de dados pessoais, seria ilegal fazê-lo. É importante notar que o facto de os dados ou informações estarem disponíveis publicamente não significa que seja legal ou ético utilizar o método.
Como o scraping malicioso pode afetar uma empresa
O scraping malicioso pode afetar a organização que publicou os dados, tanto pelas implicações legais quanto pelos riscos de segurança associados.
As principais formas em que o scraping malicioso pode impactar uma empresa incluem:
Violação de privacidade: Um cibercriminoso pode coletar dados pessoais sem o consentimento do titular, independentemente de esses dados estarem disponíveis publicamente devido a um descuido do editor.
Fraudes e golpes: A informação coletada pode ser usada para criar perfis falsos, realizar fraudes financeiras mais eficazes, como o spear phishing, e para realizar ataques de engenharia social.
Desempenho nos sites: Ao consumir recursos do portal ou rede social, a geração de tráfego pode ter um impacto negativo no desempenho do site, fazendo com que ele fique lento ou indisponível temporariamente.
Dano à reputação: A coleta de dados pessoais pode ser usada para prejudicar a reputação de uma empresa, gerando perda de clientes pela desconfiança em como a informação foi coletada e exposta. Isso pode afetar questões legais e financeiras
O que as organizações podem fazer para minimizar o scraping em seus sites?
É importante adotar técnicas e boas práticas para minimizar o impacto dessa prática maliciosa e reduzir seus efeitos. Algumas das principais técnicas incluem:
- Bloqueio de endereços IP: Muitos provedores de nuvem permitem monitorar os endereços IP que acessam seus sites, com o objetivo de identificar tráfego anômalo proveniente de uma IP específica (como o tráfego gerado por scrapers ou bots), bloqueando-o. Porém, esse controle pode ser burlado se os bots ou scrapers utilizarem proxies ou VPNs.
- Configuração correta do arquivo "robots.txt": A maioria dos sites possui um arquivo "robots.txt" que orienta os motores de busca sobre quais recursos podem acessar. Scrapers podem ser restritos nesse arquivo.
- Filtragem de solicitações por agentes: Cada solicitação para um site inclui informações sobre o dispositivo e software utilizado (user agent), o que pode ser filtrado para limitar o acesso de scrapers.
- Uso de CAPTCHA: O CAPTCHA é uma prova de segurança que verifica se o usuário é humano, o que impede que scrapers obtenham grandes volumes de dados rapidamente.
- Uso de honeypots: Criar serviços falsos para atrair cibercriminosos, como servidores web ou bancos de dados, permitindo que os dados do ataque sejam analisados e usados para prevenir futuros incidentes.
- Higiene digital e conscientização: Adotar boas práticas digitais, como publicar apenas informações essenciais e proteger dados pessoais, além de educar os usuários sobre os riscos de expor informações online.
Conclusão
O scraping pode ser uma ferramenta fundamental para melhorar a oferta de valor das empresas e beneficiar seus consumidores. Dependendo de como é utilizado, pode ser legal ou ilegal.
No entanto, quando as organizações não adotam medidas de segurança adequadas ou boas práticas para se proteger contra agentes mal-intencionados, a publicação de conteúdo estratégico e sensível pode resultar em fraudes mais sofisticadas, gerando desconfiança nos usuários e possíveis perdas econômicas significativas.