Você provavelmente já ouviu falar de botnets e dispositivos zumbis, mas sabe o que isso significa exatamente? Seu computador está infectado e se transformará em um morto-vivo como nos filmes?
Nesta publicação, você entenderá o que é uma botnet, como ela funciona, para que é usada, quais dispositivos podem ser infectados e que tipo de ataques ou ações criminosas podem ser realizadas por meio de uma botnet.
O que é uma botnet?
Uma botnet, derivada da combinação de "bot" (abreviação de "robô") e "rede", é essencialmente uma rede de dispositivos comprometidos por malware sob o controle de cibercriminosos. Os computadores infectados, conhecidos como "bots" ou "computadores zumbis", são manipulados remotamente pelo criador da rede de bots, também chamado de "bot herder".
Além disso, as funcionalidades criminosas de uma botnet incluem a capacidade de infectar outros dispositivos, ampliando sua presença na rede. Esse recurso permite que uma botnet se propague mais amplamente, comprometendo uma variedade maior de sistemas e dispositivos conectados.
Ao se infiltrar em novas máquinas, a botnet fortalece seu controle sobre uma rede mais ampla, aumentando sua capacidade de realizar ataques coordenados e prejudiciais. Essa estratégia de expansão é preocupante, pois torna a mitigação dessa ameaça algo ainda mais complexo, exigindo medidas preventivas abrangentes para proteger a integridade de toda a infraestrutura digital.
Para que serve uma botnet?
A particularidade desse tipo de código malicioso é que ele permite que um invasor execute instruções ao realizar ações em vários dispositivos simultaneamente.
A arquitetura de uma botnet consiste em dois elementos principais: o painel de controle, onde as ações são coordenadas, e a conexão com o centro de controle do cibercriminoso. Diferentemente de um trojan, uma botnet não só tem um painel de controle, mas também realiza atividades criminosas, como roubo de arquivos, downloads não autorizados, execução de processos indesejados nos dispositivos afetados e captura de dados do teclado por meio de keyloggers.
Tipos de dispositivos que podem se tornar uma rede de bots
As botnets não fazem distinção quando se trata de recrutar dispositivos. Qualquer dispositivo conectado à Internet pode se tornar um "bot" e participar de uma botnet. A seguir, exploramos alguns dos tipos de dispositivos que são frequentemente visados por cibercriminosos para formar essas redes.
#Computadores e laptops: Os dispositivos tradicionais, como PCs e laptops, são os principais alvos dos cibercriminosos. Eles oferecem alto poder de processamento e são frequentemente explorados para realizar atividades criminosas, como ataques de negação de serviço (DDoS) ou mineração de criptomoedas.
#Roteadores: Os roteadores são elementos essenciais em redes domésticas e comerciais. Quando comprometidos, eles podem ser usados para direcionar o tráfego de rede, facilitando o redirecionamento ou ataques de interceptação de dados.
#Dispositivos da Internet das Coisas (IoT): TVs, termostatos, câmeras de segurança e outros dispositivos de IoT geralmente são vulneráveis devido à segurança inadequada. Os cibercriminosos exploram esses pontos fracos para incorporar os dispositivos às botnets. Um exemplo notório foi o ataque da botnet Mirai em 2016, que comprometeu principalmente dispositivos de IoT.
#Smartphones e tablets: Dispositivos como smartphones e tablets não estão isentos de serem alvo de botnets. Sua conectividade constante com a Internet os torna alvos interessantes para uma variedade de atividades criminosas, desde o roubo de informações pessoais até a participação em ataques coordenados.
A Internet das Coisas (IoT) expandiu muito a superfície de ataque cibernético, fornecendo aos cibercriminosos uma variedade de dispositivos a serem explorados. Muitos fabricantes de dispositivos de IoT priorizam a conveniência em detrimento da segurança, o que resulta em vulnerabilidades significativas e na exploração dessas falhas por cibercriminosos para infectar dispositivos de IoT e integrá-los a botnets.
O que um cibercriminoso pode fazer com a botnet?
Ao manipular uma rede de bots, um invasor tem uma ampla gama de estratégias à sua disposição para realizar atividades criminosas.
#Ataques de negação de serviço (DdoS): O cibercriminoso pode empregar a rede de bots para realizar ataques de DoS, sobrecarregando os servidores visados com um grande volume de acessos simultâneos. Isso pode tornar os serviços on-line indisponíveis, interrompendo as operações normais e causando perdas significativas.
#Redirecionamento de tráfego: Em vez de simplesmente sobrecarregar um servidor, o invasor pode redirecionar o tráfego para um site duplicado. Essa tática visa não apenas interromper os serviços, mas também roubar informações valiosas dos usuários que inadvertidamente acessam o site falso.
#Mineração de Bitcoin: Uma botnet oferece uma fonte de poder de processamento considerável. Cibercriminosos podem explorar essa função para minerar bitcoins, obtendo lucros sem os custos associados de eletricidade e hardware. No entanto, vale a pena observar que existem variantes de botnets, como o Pony Loader, que buscam diretamente roubar bitcoins.
#Envio de e-mails de spam: A botnet pode ser usada como uma ferramenta poderosa para enviar e-mails de spam de forma massiva. Os criadores de botnets geralmente oferecem esses serviços a spammers, ampliando a eficácia das campanhas de spam e inundando as caixas de entrada das vítimas.
#Roubo de informações pessoais: Além dos ataques mencionados acima, um cibercriminoso pode explorar a botnet para o roubo direto de informações pessoais confidenciais. Isso pode incluir senhas, dados financeiros e outros itens confidenciais, comprometendo a privacidade e a segurança das vítimas.
#Instalação adicional de malware: A botnet funciona como uma plataforma para a distribuição e execução de malware adicional nos dispositivos infectados. Isso permite que o invasor expanda suas operações criminosas, comprometendo ainda mais a integridade e a segurança dos sistemas afetados.
#Campanhas de phishing: O controle sobre uma botnet dá a um cibercriminosos a capacidade de orquestrar campanhas de phishing em grande escala. Isso envolve enganar os usuários para que revelem informações confidenciais por meio do uso de mensagens falsas que podem ter consequências graves para as vítimas.
As botnets mais populares e ativas atualmente
Botnet Storm
Em janeiro de 2007, foi descoberta a botnet Storm, um malware disseminado por um worm chamado Storm, distribuído por e-mail de spam. Essa botnet consistia em computadores zumbis controlados remotamente por meio de um trojan.
O worm Storm se espalhava automaticamente, transformando computadores vulneráveis em bots que formavam uma vasta rede usada para ataques de DoS e executavam tarefas automatizadas na Internet sem o conhecimento do usuário.
A botnet Storm ganhou notoriedade, sendo distribuída por meio de e-mails de spam com títulos chocantes sobre tragédias ou oferecendo links para download de músicas populares. Em setembro de 2007, ela havia infectado 8% dos computadores Windows em todo o mundo, atingindo um pico de mais de 50 milhões de computadores comprometidos.
Mozi
A botnet Mozi, recentemente desativada, tornou-se conhecida no cenário cibernético por sua capacidade de explorar anualmente vulnerabilidades em centenas de milhares de dispositivos da Internet das Coisas (IoT). Operando em uma arquitetura de rede peer-to-peer (P2P), o Mozi tinha como alvo principal os dispositivos de IoT, principalmente os roteadores domésticos Netgear DGN, os equipamentos DASAN Networks GPON, os roteadores D-Link e os servidores da Web Jaws.
O modus operandi do Mozi consistia em se infiltrar silenciosamente nesses dispositivos, explorando falhas de segurança e vulnerabilidades em suas configurações. Uma vez comprometidos, esses dispositivos eram integrados à botnet, formando uma rede distribuída que permitia o controle remoto pelos cibercriminosos.
Essa abordagem descentralizada, baseada em redes P2P, tornou o Mozi uma ameaça particularmente difícil de rastrear e desativar.
Mirai
O Mirai é um malware que transforma dispositivos inteligentes com processadores ARC em bots controlados remotamente, formando uma botnet usada para realizar ataques DDoS. Ele identifica dispositivos IoT com processadores ARC que executam uma versão simplificada do sistema operacional Linux.
Em setembro de 2016, os criadores da Mirai realizaram um ataque DDoS contra um conhecido especialista em segurança. Uma semana depois, eles publicaram o código-fonte, provavelmente buscando ocultar a origem do ataque. O código foi rapidamente adotado por outros cibercriminosos, tornando-se associado ao ataque em massa que afetou o provedor de serviços Dyn em outubro de 2016.
Pandora
O Android.Pandora, um trojan vinculado ao grupo Mirai, uma conhecida botnet, foi identificado pela ESET. Descoberto pela primeira vez em setembro de 2023 pelo Dr. Web, esse malware é distribuído principalmente por meio de aplicativos de streaming em plataformas como Tele Latino, You Cine e Magis TV.
Disponíveis não apenas para Android TV Boxes, esses aplicativos alcançam uma variedade de dispositivos, incluindo Amazon ou Xiaomi TV Sticks. A ameaça também se espalha por meio de atualizações maliciosas de firmware, que podem ser instaladas por revendedores ou usuários desavisados.
Uma vez infectados, os dispositivos são controlados por cibercriminosos, usados para realizar ataques de negação de serviço distribuído (DDoS) e sobrecarregar os servidores visados com solicitações, resultando em sua desativação.
Zeus (Zbot)
O Zeus, também conhecido como um trojan bancário e considerado a principal botnet, infectou mais de 3,6 milhões de PCs nos Estados Unidos, representando uma ameaça significativa para as instituições financeiras. Composto por milhares de computadores infectados, o Zeus tem como alvo instituições bancárias a fim de realizar o roubo de dados de acesso.
Após o roubo, as credenciais são enviadas para um servidor remoto, permitindo que os cibercriminosos acessem as contas bancárias on-line das vítimas. O ataque é realizado por meio de serviços on-line, como redes sociais, contas de FTP, e-mails e serviços bancários on-line, usando pseudônimos como NTOS, PRG, WNSPOEM e Zbot. Os executáveis associados ao Zeus têm nomes como PPnn.exe, ntos.exe, ld12.exe, ld08.exe, pp08.exe e pp06.exe.
Como se proteger de uma botnet?
Para garantir a segurança dos dispositivos em um ambiente digital assolado por botnets, você precisa de uma abordagem proativa e multifacetada. A instalação de soluções de segurança robustas é a primeira linha de defesa, destacando a importância de antivírus e firewalls especializados em identificar e neutralizar atividades relacionadas a botnets.
A manutenção regular de atualizações é uma prática fundamental. Softwares desatualizados representam vulnerabilidades explícitas que os cibercriminosos podem explorar para se infiltrar em dispositivos de botnet. A conscientização constante sobre as últimas tendências de cibersegurança é igualmente crucial, permitindo que os usuários fiquem à frente das táticas de cibercriminosos em evolução.
O fortalecimento da segurança também envolve o uso de senhas fortes e a implementação da autenticação multifatorial, uma barreira adicional contra o acesso não autorizado. O monitoramento ativo do tráfego de rede é uma prática proativa para identificar padrões suspeitos que possam indicar a presença de botnets, permitindo uma intervenção antecipada.
A filtragem de conteúdo e a configuração eficaz de firewalls de rede são estratégias preventivas essenciais. A primeira bloqueia o acesso a sites falsos conhecidos por hospedar botnets, enquanto a segunda controla o tráfego, impedindo comunicações não autorizadas com servidores de comando e controle de botnets.
Atualizações periódicas de firmware em dispositivos de IoT são frequentemente negligenciadas, mas essenciais. Esses dispositivos, que são frequentemente explorados por cibercriminosos, devem ser mantidos atualizados para evitar vulnerabilidades.
Em resumo, a proteção eficaz contra botnets é um esforço contínuo que combina tecnologia, educação e vigilância ativa. A conscientização, aliada a práticas de segurança proativas, é a chave para enfrentar com eficácia os desafios em constante evolução do cenário da cibersegurança.