Você já deve ter visto uma nova polêmica que rondou os noticiários do país recentemente e deixou em evidência muitas preocupações referentes a segurança digital de crianças e adolescentes: o Homem Pateta, um perfil que supostamente assusta crianças na Internet. Neste artigo, focarei em trazer informações concretas sobre o caso do Homem Pateta, também conhecido como Jonathan Galindo, esclarecendo alguns temas que ouvi diretamente e outros que li em comentários nas redes sociais ou através da imprensa.
O primeiro ponto a ser esclarecido é a origem da imagem utilizada pelos perfis do Homem Pateta, os personagens usados na maioria dos perfis são criações do maquiador James Fazzaro e foram nomeados de Dusky Sam e Larry LeGeuff e, como é possível ver no perfil do maquiador em redes sociais, suas criações datam de mais de 6 anos atrás. Como é possível deduzir, o maquiador nada tem a ver com os incidentes que foram noticiados, apenas elegeram a criação dele para dar um “rosto” a perfis falsos e assim poder interagir com as vítimas.
Como muitas especulações surgiram sobre a veracidade de perfis maliciosos interagindo com crianças e adolescentes, como foi o caso da boneca Momo, ou até mesmo os desafios da Baleia azul, falarei sobre três fatos que pude encontrar sobre o Homem Pateta para que possamos entender um pouco mais sobre o caso.
- Existem milhares de perfis do Homem Pateta: Os perfis estão espalhados por diferentes redes sociais e podem ser encontrados principalmente com os nomes de Jonatan Galindo, Johnathan Galindo, Homem Pateta, Joana Galindo e algumas outras variações.
- Muitas pessoas utilizam os perfis do Homem Pateta: Vários dos perfis do Homem Pateta mostram indícios de serem utilizados por pessoas do Brasil mas, devido a sua grande quantidade e variação de idiomas que compõe as descrições de cada perfil, é perceptível que não se tratam de perfis administrados por apenas uma pessoa ou grupo, mas sim de várias indivíduos que utilizam esse nome para terem certo nível de anonimato nas redes sociais.
- Não é um problema novo: Apesar de identificarmos notícias sobre esse perfil apenas recentemente, juntamente com um aumento na quantidade de perfis semelhantes, ao fazer uma rápida busca é possível encontrar perfis do Homem Pateta criados anos atrás, alguns deles com frases que indicam que o detentor do perfil irá matar quem quer que entre em contato com ele.
Observação: Vários perfis com conteúdo relacionado foram recentemente desativados.
Falando um pouco agora sobre a dúvida mais constante e que também vi em algumas notícias: o Homem Pateta existe realmente? Essa pergunta me foi feita depois que noticiaram que não havia provas concretas de que o personagem faça algo de nocivo às crianças. Esse tipo de pergunta é muito comum, observei questionamentos parecidos na época da boneca Momo e da Baleia Azul, quando surgiram as mesmas perguntas sobre a veracidade do ocorrido, sua origem e se realmente houve algum tipo de contato com os alvos. Para responder a essa questão, eu convido a uma reflexão: será que esse é o ponto que realmente importa? Digo-lhes que, apesar de ser imprescindível para a segurança de todos apurar a veracidade dos fatos e identificar os eventuais criminosos por trás destes perfis maliciosos, ao meu ver, há um outro ponto que merece a nossa atenção, e este ponto seria: como crianças e adolescentes se comportam quando eventualmente se depararem com algum conteúdo potencialmente nocivo.
Como citei anteriormente, as ameaças mudam de nome, já foi a Momo, a Baleia Azul, e certamente muitas outras virão com personagens e “rostos” variados. Sabemos que existem pessoas mal-intencionadas em todos os lugares e, mesmo que a primeira notícia dessas ameaças não tenha sido real, muitos desses criminosos se aproveitaram e se aproveitarão de eventos assim para poderem camuflar seus atos. E esse é o ponto mais importantes sobre as ameaças, conscientizar crianças, adolescentes e adultos para que saibam como agir quando algo acontecer, independente de qual aparência ou nome a ameaça tenha.
Dicas de segurança
Separei algumas dicas de segurança focadas em auxiliar na tarefa de conscientizar as crianças e adolescentes sobre os diferentes tipos de ameaça que possam surgir:
- Conscientize-os: Falar abertamente sobre os reais perigos, quais situações podem ocorrer caso mantenham certos tipos de contato e, principalmente, quais atitudes devem ser tomadas caso algo aconteça são excelentes formas de iniciar a prevenção. Ter conhecimento sobre como as ameaças podem estar presentes no dia a dia deles os fará estarem mais alerta - e isso não precisa necessariamente partir apenas dos pais ou responsáveis legais, tios, primos, avós, é interessante que todas as fontes que puderem dar dicas sobre segurança o façam.
- Controle a rede de contatos: É sempre um assunto delicado o tema de privacidade, mas é garantido aos pais e responsáveis o controle parental, para impedir que seus filhos tenham acesso a conteúdos inadequados ao seu momento de vida. Como costuma ser de total interesse dos pais a proteção de seus filhos, é interessante sempre manter um controle de com quem seu filho tem contato e por quais meios, redes sociais, aplicativos de troca de mensagens, pessoalmente ou quaisquer outros meios que a criança possa vir a ter acesso. Isso auxiliará na identificação e prevenção, caso algo aconteça.
- Deixe o caminho aberto: Uma das reportagens que falava sobre o caso citava um menino que recebeu o contato do Homem Pateta e, com medo, foi procurar os pais para contar sobre o ocorrido. Isso é o cenário ideal, um filho que tem caminho aberto para falar com os pais e lhes contar o que ocorre de bom e de ruim. Procurem manter esse caminho aberto com seus filhos, sobrinhos ou quaisquer menores que possam precisar, para que, mesmo que algo de estranho aconteça, que nunca tenha sido noticiado antes, eles identifiquem como algo perigoso e vejam em você um vínculo de confiança com o qual ele poderá dividir esse momento.
- Mantenha um nível de segurança adequado: Não é incomum que criminosos encaminhem links ou arquivos maliciosos para as vítimas para que possam obter ainda mais recursos para prejudicá-las. Para evitar que as ameaças se instalem em smartphones, tablets e computadores, é necessário contar com software de proteção, como por exemplo um antivírus, para impedir que estas ameaças se instalem nos dispositivos e até se propaguem utilizando a rede Wi-Fi. Para isso, sempre mantenha o software de proteção atualizado e configurado para barrar ameaças.