Na última terça-feira (09), celebramos o Dia Internacional de Ada Lovelace. Uma data para lembrar quem foi essa mulher que se tornou um ícone para as mulheres no campo da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), sendo escolhida com o objetivo de dar maior visibilidade às mulheres nesse campo de estudo. Confira uma série de dados históricos que todos deveriam saber sobre Ada Lovelace.
Uma mulher que teve acesso a uma boa educação
A curta duração da relação entre os pais de Ada Lovelace (o poeta Lord Byron e sua mãe, Anna Isabella Milbanke) aumentou a preocupação de sua mãe sobre o que uma pessoa como Lord Byron poderia fazer com uma filha - conhecendo o relacionamento amoroso que ele teve com sua meia-irmã – e isso fez com que Anna Isabella retirasse Ada da responsabilidade do Lord Byron. Essa preocupação por parte de sua mãe fez com que ela procurasse os melhores professores, proporcionando para a filha uma intensa educação domiciliar que contemplava vários campos, desde idiomas até ciências. Sem dúvida, foi uma educação incomum para uma mulher naquela época.
Augustus De Morgan, uma pessoa muito importante no desenvolvimento inicial da lógica simbólica, foi um de seus professores de matemática. De Morgan, que era professor da Universidade de Londres, deu seu curso para Ada por correspondência, em um mundo onde a desigualdade entre homens e mulheres era maior do que a que podemos ver atualmente. No entanto, a professora se deu conta do potencial de Ana e sabia que aquela menina ainda seria alguém muito importante.
De fato, quando Ada conheceu seu mentor aos 17 anos, o inventor Charles Babbage, demonstrou seu talento em matemática e os resultados da boa educação que recebeu durante sua infância.
Foi a primeira programadora
Quando Charles Babbage começou a planejar o motor analítico, uma máquina com um mecanismo de computador programável que usava cartões perfurados para multiplicar e dividir números e, assim, processar uma grande variedade de dados; um engenheiro italiano, chamado Luigi Menabrea, escreveu um artigo sobre a máquina que Ada mais tarde traduziu para o inglês e que no ano seguinte (1843) foi publicada em um jornal na Inglaterra.
Além da tradução, Ada adicionou ao artigo um grande número de notas de sua autoria (quase três vezes mais longas que o documento original) que descreviam a sequência de passos que poderiam ser usados para resolver problemas matemáticos. O que ela fez basicamente através dessas notas foi estabelecer as bases da programação de computadores.
No entanto, ela duvidava de seus conhecimentos em programação e dizia que havia sido produzido pelo seu mentor Charles Babbage, já que Ada era uma mulher e, para aquela época, não podia ter os conhecimentos suficientes. No entanto, Ada demonstrou seu poder intelectual com sua visão de utilizar a máquina para vários propósitos e não apenas para cálculos matemáticos, como por exemplo: compor peças musicais de qualquer complexidade ou duração.
Inspirou a criação da linguagem de programação "Ada"
Em 1970, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos encomendou a criação de uma linguagem de programação que se tornou o projeto de código mais caro de todos os tempos. Essa nova linguagem foi chamada Ada.
Trata-se de uma linguagem polivalente que foi projetada tendo em conta a segurança e que ainda é usada em ambientes que exigem grande segurança, como controle de tráfego aéreo, transporte ferroviário e até mesmo a indústria aeroespacial, entre outros. Mesmo sendo uma língua antiga que caiu em desuso em alguns círculos, há outros que, por sua segurança e antiguidade, a continuam escolhendo.
Ela deixou um legado muito importante
Ada Lovelace morreu de câncer em 1852, com apenas 36 anos de idade. Amiga de figuras de renome, como a mãe da enfermaria, Florence Nightingale, e do escritor Charles Dickens, o nome de Ada não teve o reconhecimento que ela merecia durante muito tempo.
Quase um século depois, suas notas adquiriram muito mais valor e foram conhecidas por um público mais amplo do que nos tempos anteriores, quando em 1953 o livro “Faster Than Thought: A Symposium on Digital Computing Machines”, de B.V. Bowden, foi republicado.
Também livros como Ada’s Algorithm: How Lord Byron’s Daughter Ada Lovelace Launched the Digital Age contribuiram para fazer com que seu nome estivesse no lugar que merecia e que o mundo tivesse a oportunidade de conhecer a importância do trabalho dessa mulher, não só para seu conhecimento e capacidade intelectual, mas também porque serviu para reconstruir a história das mulheres na computação.
Isso também se deve, em parte graças à Suw Charman-Anderson, uma tecnóloga social, jornalista e pioneira em redes sociais no Reino Unido, que em 2009 promoveu a criação do Ada Lovelace Day em resposta a uma discussão na qual se falou sobre a falta das mulheres dando palestras em cenários em que a tecnologia estava sendo discutida. Como mulher no campo da tecnologia, Suw Charman-Anderson percebeu que o problema não era tanto a falta de mulheres, mas a visibilidade que lhes era dada. Neste sentido, Ada Lovelace Day é um esforço para melhorar o perfil das mulheres no campo da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).