Se você é um leitor regular do WeLiveSecurity, deve ter notado que há algum tempo temos sugerido que os usuários da Internet protejam a sua privacidade instalando uma rede virtual privada (VPN, na sigla em inglês) em seus computadores, tablets e smatphones.

Caso você não saiba ao certo o que é uma VPN e para que serve, veja este vídeo da ESET:

https://www.youtube.com/watch?v=K_JomGpvjH4

Perfeito. Agora estamos todos na “mesma página’ e entendemos a importância de usar uma VPN.

No entanto, dependendo de onde o usuário esteja, as coisas podem não ser tão fáceis. Por exemplo, nesse último fim de semana, fiquei sabendo que a Apple se curvou à pressão do regime em Pequim e removeu alguns apps de VPN da App Store (versão chinesa).

A ExpressVPN descreveu em seu blog como recebeu uma notificação da Apple de que o seu aplicativo para iOS seria removido na China:

Apple email

No email, a Apple explicou que o app da ExpressVPN estava sendo removido porque “contém conteúdo que é ilegal na China".

E aparentemente este não é o único caso. Outros apps de VPN, como o Star VPN, também revelaram que ocorreu algo parecido, e alertaram que essa decisão estabeleceu um "precedente muito perigoso que pode levar a decisões semelhantes em países como Emirados Árabes Unidos, onde o governo controle o acesso à Internet ".

Certamente, o software VPN não foi popular no regime chinês, que o observa como uma ferramenta que os cidadãos podem utilizar para tentar contornar o "Great Firewall" da China, que é usado para censurar sites e conteúdos considerados inadequados.

Claro, uma das preocupações é: os regimes autoritários usem a falta de disponibilidade da tecnologia VPN para monitorar e censurar mais facilmente o conteúdo acessado pelas pessoas na Internet e, dessa forma, espionar comunicações privadas.

No entanto, os regimes autoritários não são os únicos que podem explorar a frágil segurança das conexões online. Os cibercriminosos também podem se aproveitar do fato das pessoas não usarem redes VPN para espionar aqueles que usam pontos de acesso Wi-Fi públicos, e executar ataques Man-In-The-Middle com o intuito de interceptar o tráfego das redes.

A situação se torna ainda mais crítica para uma empresa que funciona na China, mas que conta com padrões de segurança que exigem o uso de redes VPN para se conectar de forma remota com outros escritórios e reduzir as chances de que as informações sensíveis possam cair em mãos erradas.

Alguns usuários podem estar indignados com a Apple por ter cedido às solicitações da China. No entanto, pense bem: o que poderiam ter feito?

A China tem total poder para revogar os direitos da Apple de vender produtos no país, e a empresa de tecnologia possui um regulamento de longa data que indica que todos os aplicativos devem estar em conformidade com as leis locais dos territórios nos quais são vendidos.

Em resumo, isso não é culpa da Apple, mas sim da China.

Felizmente, a ExpressVPN observou que essa medida não significa necessariamente que agora seja impossível baixar uma VPN no seu iPhone ou iPad, caso esteja na China. Atualmente, é possível fazer o download de um aplicativo de VPN para o seu dispositivo por meio de uma loja de aplicativos da iOS de outro país:

"Usuários na China que acessam a App Store de um território diferente (ou seja, que indiquem que o seu endereço de faturação está fora da China) não serão afetados. É possível baixar o app para iOS e continuar recebendo as atualizações como antes."

Claro que não é uma opção para a maior parte da população na China.

Felizmente, pelo menos por enquanto, os aplicativos de VPN para Windows, Mac e Android ainda parecem estar disponíveis para os usuários chineses… Sempre e quando o “Great Firewall” da China não os impeça de acessar os sites de download, claro.