Na última terça-feira (17), o Google lançou, em parceria com a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), um programa para combater ataques cibernéticos contra organizações jornalísticas. A iniciativa, que recebeu o nome de Project Shield, trata-se de um serviço gratuito que utiliza tecnologia do Google para proteger sites de notícias e a liberdade de expressão contra ataques DDoS, ou seja, a negação de serviço na Internet.
Segundo informações da Folha de São Paulo, para George Conard, que comanda o Project Shield, os ataques DDoS estão crescendo ano após ano na América Latina. Como exemplo, ele destacou o caso da derrubada do site do jornal argentino “Página/12”, no ano passado. “DDoS é uma forma de censura online, é ruim para os leitores, ruim para os negócios e ruim para a saúde da Internet”, ressaltou.
Camilo Gutiérrez, responsável pelo Laboratório de Investigação da ESET América Latina, alerta que cada vez mais as empresas devem estar preocupadas com os ciberataques, e os meios de comunicação não estão fora disso. “Os sites de informação são um alvo muito atrativo para os grupos que vão desde hacktivistas até atacantes que estão buscando algum tipo de lucro econômico com seus ataques. Portanto, contar com uma ferramenta que previna que o site seja atacado, principalmente no caso das páginas de notícias (considerando a censura da informação), é uma excelente forma de também garantir a liberdade de expressão”.
A privacidade
Outro aspecto importante e que é citado na mesma notícia na Folha, se refere a todas as informações e dados de tráfego na Internet que devem ser abertas para o Google, no caso das organizações optarem pelo programa. “O Google recolhe informações do tráfego para poder reconhecer e bloquear os ataques de DDoS, o que de alguma forma significa que possam obter informação sobre os usuários e seus hábitos de navegação. Como tudo na Internet, você tem que comprometer algo da privacidade para ganhar em segurança, ou seja, não se pode perder isso de vista, e os usuários devem estar cientes disso”, destacou Gutiérrez.
Para usar o Project Shield são solicitados dados de configuração do site como servidor de origem, domínios e subdomínios. O sistema também coleta metadados de tráfego e conteúdo em cache dos sites. O Google informa que as contas podem ser excluídas a qualquer momento e que os dados e o tráfego web podem ser processados e armazenados nos EUA ou em outros países.
O Project Shield é gratuito e restrito a veículos de imprensa, organizações de direitos humanos e blogs de jornalistas. Não é destinado, por exemplo, a governos ou organizações políticas. Para solicitar, o jornal ou jornalista deve preencher um formulário no site do projeto.
Autor: Francisco de Assis Camurça, da ESET.